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Tatuagem recupera autoestima da mulher após câncer de mama


07/05/2018

A superação do câncer de mama celebrada em um desenho que simboliza o recomeço, a esperança e o florescer de uma nova vida. Essa é a história da tatuagem da administradora Joana Jeker dos Anjos, 40 anos.

Créditos: Tatiana Gama

Joana Jeker dos Anjos, após passar pela cirurgia de reconstrução da mama direita, escolheu tatuar uma cerejeira como símbolo de esperança e recomeço

 

Em 2007, fazendo o autoexame durante o banho, ela descobriu um nódulo que, mais tarde, foi diagnosticado como tumor de mama. A sua batalha individual começou ali e foi vencida em 2012, mas a sua luta continua em prol dos direitos das mulheres mastectomizadas (aquelas que são submetidas à retirada total da mama).

Sem plano de saúde, Joana fez tratamento e cirurgia no serviço público de saúde do Rio de Janeiro. Dois anos depois, morando em Brasília, ela encarou uma nova frente de combate, desta vez para poder fazer a cirurgia de reconstrução da mama direita.

Quando se submeteria à segunda operação, o cirurgião-plástico que cuidava dela deixou de realizar o atendimento no hospital por falta de condições. “As cirurgias eram constantemente canceladas por falta de médico auxiliar, de anestesista, de materiais básicos como drenos e fios de sutura”, conta.

Ela não esmoreceu. Coletou assinaturas para um abaixo-assinado, recorreu à Ouvidoria, ao Ministério da Saúde e ao Ministério Público – e foi ao Legislativo buscar apoio para transformar em lei a obrigatoriedade da cirurgia plástica reparadora da mama nos casos de mutilação decorrentes de tratamento de câncer, em toda a rede pública hospitalar do Distrito Federal.

E não parou por aí. Envolvida “de corpo e alma”, como ela diz, Joana fundou a Recomeçar - Associação de Mulheres Mastectomizadas de Brasília, uma entidade que promove a  reabilitação emocional, física e estética das mulheres que tiveram ou têm câncer de mama.

Em 2012, já com a mama reconstruída, no entanto, ela ainda sentia, no espelho, o incômodo das cicatrizes resultantes da intervenção cirúrgica, que iam do peito ao meio das costas. Foi, então, que surgiu a ideia de fazer uma tatuagem para cobri-las.

“Eu queria recomeçar, deixar para trás o que ainda me incomodava depois do câncer e da reconstrução da mama. Escolhi a flor da cerejeira pela beleza e simbologia. Simboliza o amor, a felicidade, a renovação e a esperança”, explica.

Assim como aconteceu com Joana, mulheres que chegam à etapa final do tratamento de câncer de mama cada vez mais têm recorrido à tatuagem para recuperar a autoestima, tornando menos visíveis as cicatrizes de um processo extremamente dolorido.

Créditos: Tati Stramandinoli (Tati Pigmenta)
Pigmentação da auréola e tatuagem reparadora de cicatriz feitas pela tatuadora Tati Stramandinoli

 

Além de recobrir as marcas das cirurgias com desenhos, tribais e flores, a tatuagem reparadora serve também para recriar a auréola e o mamilo com técnicas de pigmentação, deixando-os o mais próximo possível da cor natural.  

A tatuagem para esse tipo de reparação é um procedimento muito semelhante ao de uma tatuagem comum, mas muitos profissionais têm se especializado para oferecer um atendimento que supera a questão estética.

Créditos: Tati Stramandinoli (Tati Pigmenta)
Após tratamento e cirurgia para vencer o câncer de mama, A.C. optou por uma tatuagem de flor, cobrindo toda a mama reconstruída

 

É o caso de Tati Stramandinoli, de São José dos Campos. Ela começou a fazer tatuagens reparadoras em 2013, a convite de um cirurgião-plástico. Além de se aperfeiçoar em micropigmentação, ela transformou o trabalho em um projeto independente e voluntário. Uma vez ao mês, pelo menos, ela se dedica exclusivamente a esses atendimentos.

“Não me sentia bem ao cobrar por esse trabalho. Me envolvi pessoalmente porque sou mulher e, se passasse por isso, gostaria de ser acolhida da mesma forma”, afirma.

Sem contraindicações, as tatuagens pós tratamento de câncer de mama podem colocar não um ponto final, mas uma flor de esperança em histórias de luta repletas de medos e incertezas. "O processo todo da luta e recuperação só acabou quando eu fiz a tatuagem. Hoje meu lema é viver a vida, com gratidão e fé", comemora Joana.

 

 

Fonte: ascoisasmaiscriativasdomundo